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Bebidas esportivas e calçados especiais não lhe ajudam a ser
um atleta melhor
Não faltam propagandas de bebidas energéticas e calçados
esportivos que garantem que, com eles, seu desempenho esportivo vai melhorar. A
ciência, no entanto, discorda.
Um novo estudo da Universidade de Alberta (Canadá) e da
Universidade de Oxford (Reino Unido), publicado no British Medical Journal,
mostra que atletas amadores não podem contar com bebidas esportivas ou calçados
especiais para melhorar seu desempenho.
O que os pesquisadores fizeram foi analisar as afirmações de
empresas de bebidas isotônicas e energéticas e de artigos esportivos de que
seus produtos ajudam a melhorar o desempenho e prevenir lesões.
“Não há provas para apoiar essas reivindicações feitas por algumas
das maiores marcas de esporte. É virtualmente impossível para o público fazer
escolhas informadas sobre os benefícios e malefícios dos produtos esportivos
anunciados”, disse um dos autores do estudo, Peter Gill.
O estudo
Anúncios em revistas gerais, revistas esportivas e de
bem-estar no Reino Unido e nos Estados Unidos foram analisados quanto a
afirmações relacionadas com o melhor desempenho esportivo ou recuperação que os
produtos supostamente causam.
Uma vez que os pesquisadores identificaram as afirmações,
eles procuraram as evidências por trás dessas reivindicações, o que incluiu
analisar todas as referências citadas, avaliar os métodos utilizados nas
pesquisas e determinar o risco de viés dessas afirmações.
A conclusão: mais da metade dos sites e anúncios que fizeram
tais reivindicações não forneceram quaisquer referências.
Entre as afirmações que puderem ser avaliadas criticamente
estavam 74 artigos, 84% dos quais considerados com alto risco de viés (apenas
três foram considerados de alta qualidade e com um baixo risco de viés).
Sendo assim, o que os pesquisadores descobriram alguns mitos
comuns no esporte foi que:
A cor da urina, que especialistas recomendam que os atletas
fiquem de olho, não indica fielmente se eles estão hidratados ou não, pois essa
cor depende de vários fatores, não apenas da hidratação;
Beber antes de sentir sede pode na verdade piorar o
desempenho esportivo, e não melhorar;
Bebidas energéticas com cafeína e outros compostos não têm
nenhum benefício acima e além do impulso que vem da cafeína;
Combinações de carboidratos e proteína pós-treino não
melhoram o desempenho e a recuperação.
“A comercialização de produtos esportivos se tornou uma
indústria multibilionária e o consumo de bebidas chamadas energéticas está
aumentando todo ano, mas a pesquisa nesta área tem sido rotulada como
metodologicamente pobre. Muitas das bebidas esportivas contêm altos níveis de
açúcar e há uma preocupação que o seu consumo contribua para os crescentes
níveis de obesidade em crianças”, conclui Gill.
Os males das bebidas esportivas
O alerta dado por Gill não é inédito; outras pesquisas já
abordaram o lado ruim das bebidas energéticas.
Um grande estudo com 15 mil estudantes nos EUA, por exemplo,
indicou que muitas crianças e adolescentes estão consumindo bebidas esportivas
em excesso. Apesar de conterem carboidratos e eletrólitos como sódio e
potássio, que ajudam na hidratação, essas bebidas também têm uma grande
quantidade de açúcar.
Por exemplo, uma garrafa de Gatorade do menor tamanho
encontrado no mercado contém 125 calorias e 35 gramas de açúcar. Não é tão ruim
quanto um refrigerante, mas a última coisa que as crianças precisam é de mais
açúcar, ligado fortemente com o ganho de peso e a obesidade.
Ou seja, esse tipo de bebida só é recomendado para as
crianças que participam de atividades físicas intensas em climas quentes, e,
mesmo assim, em quantidades limitadas (isso porque o mesmo estudo descobriu que
quando as crianças bebem água com sabor ou bebidas esportivas ao invés de
apenas água, elas tomam muito mais do que precisam).
E os especialistas vão além: segundo os médicos, as crianças
podem ser mais vulneráveis ao conteúdo das bebidas energéticas do que os
adultos. Se elas tomarem esse tipo de bebida regularmente, isso pode
“estressar” o organismo, o que não é bom para um corpo ainda em
desenvolvimento.Outro mal pode estar associado as bebidas esportivas quando ingeridas por crianças é a má formação dentária, pois, até o momento parece que a bebida atrapalha a absorção de cálcio pelo organismo infantil.
Outra pesquisa americana mostra que apenas uma bebida
açucarada por dia (o que inclui bebidas esportivas) pode contribuir para o
aumento da pressão sanguínea: quanto mais açúcar a pessoa ingere, maior a sua
pressão arterial tende a ser.
Para finalizar, cientistas da Universidade James Madison
(EUA) afirmam que os atletas podem se sair melhor com leite achocolatado do que
com bebidas energéticas.
Analisando jogadores de futebol, eles descobriram que achocolatados
proporcionam recuperações musculares tanto quanto ou até mais do que bebidas
esportivas carboidratadas especializadas. A lesão muscular era menor em
jogadores que tomaram o leite achocolatado depois do treinamento do que aqueles
que tomaram bebidas energéticas comerciais. [MedicalXpress]
Crianças, fiquem longe de bebidas energéticas
Médicos americanos alertam que crianças e adolescentes devem
evitar bebidas energéticas e só consumirem bebidas esportivas em quantidade
limitada.
Especialistas temem que bebidas como Gatorade e Red Bull
possam ter efeitos colaterais nos pequenos. “As crianças nunca precisam de
bebidas energéticas”, afirma Holly Benjamin, da Academia Americana de
Pediatria. “Elas contêm cafeína e outras substâncias estimulantes que não são
nutritivas”.
Segundo os médicos, as crianças podem ser mais vulneráveis
ao conteúdo das bebidas energéticas do que os adultos. Se elas tomarem
regularmente, isso vai “estressar” o organismo, e não é bom forçar o corpo de
uma pessoa que está crescendo.
Para fazer novas recomendações, os pesquisadores revisaram
estudos anteriores e relatórios sobre bebidas energéticas e bebidas esportivas,
que não contêm quaisquer estimulantes.
Eles observaram que as bebidas energéticas contém uma mistura
de ingredientes, incluindo vitaminas e extratos de ervas, com possíveis efeitos
colaterais nem sempre bem compreendidos.
Embora não haja muitos casos documentados de danos
diretamente ligados às bebidas, estimulantes podem perturbar o ritmo cardíaco e
causar convulsões em casos muito raros.
Porém, é definitivamente uma preocupação. Recentemente, um
garoto de 15 anos com déficit de atenção e hiperatividade foi parar no hospital
com uma crise depois de ter bebido duas garrafas de um refrigerante que contém
cafeína.
Segundo Holly, o menino já estava tomando medicação
estimulante, e a cafeína extra pode ter “sobrecarregado” seu corpo. “Nunca se
sabe”, comenta.
Pediatras já descreveram casos de convulsões, delírios,
problemas cardíacos e renais ou lesão de fígado em pessoas que tinham bebido
uma ou mais bebidas energéticas não alcoólicas, incluindo marcas como Red Bull,
Spike Shooter e Redline.
Esses casos podem ser raros, e não conclusivamente ligados à
bebida, mas os médicos pedem cautela, especialmente em crianças com condições
médicas.
Os fabricantes afirmam que seus produtos melhoram o
desempenho físico e mental, e não causam nenhum problema. Em comunicado, a
empresa Red Bull expressou: “Os efeitos da cafeína são bem conhecidos. Como uma
lata de Red Bull contém aproximadamente a mesma quantidade de cafeína que uma
xícara de café (80 mg), deve ser tratada como tal”.
Holly Benjamin disse que, para a maioria das crianças, a
água é a melhor coisa para saciar a sede. Para jovens atletas, uma bebida
esportiva pode ser útil também, porque contém açúcar. Mas para crianças que
levam uma vida menos ativa, bebidas esportivas e energéticas podem apenas
servir para acumular alguns quilos extras. Sim, são necessárias mais pesquisas,
mas antes prevenir do que remediar.[Reuters]
Bebidas isotônicas podem não ser saudáveis aos adolescentes
Segundo um novo estudo, os adolescentes mais ativos nos
esportes e outras atividades físicas são mais propensos a saciar sua sede com
bebidas feitas especialmente para esportistas, enquanto os adolescentes que
passam muito tempo assistindo TV ou jogando videogames tendem a beber mais
refrigerante.
Os pesquisadores analisaram dados de uma pesquisa de mais de
15.000 estudantes de ensino médio dos EUA. A maioria dos adolescentes relatou
consumir bebidas doces: mais de 60% dos meninos e 50% das meninas bebem pelo
menos um refrigerante, bebida isotônica ou outra bebida açucarada por dia. O
estudo colocou bebida esportiva, ponche de frutas, chás gelados e outras
bebidas que não eram parecidas com refrigerante na mesma categoria.
Os jovens que consumiam bebidas esportivas e outras bebidas
não carbonatadas também comiam mais frutas e vegetais, especialmente entre as
meninas. Por outro lado, frutas e verduras tendem a diminuir conforme o consumo
de refrigerante aumenta.
Os resultados não são surpreendentes. Porém, segundo os
pesquisadores, isso pode significar que as crianças estão “se enganando”: as
bebidas esportivas doces e coloridas têm desenvolvido uma reputação duvidosa
como uma alternativa saudável ao refrigerante. Aqueles que querem seguir um
estilo de vida saudável acreditam que estas bebidas são de certa forma boas
para eles.
Um único refrigerante pode fornecer uma dose diária de
açúcar maior do que os especialistas recomendam. Homens e mulheres adultos
devem consumir no máximo 37 g e 25 g de açúcar por dia, respectivamente,
enquanto as crianças devem limitar seu consumo a 12 g. Uma lata de Coca-Cola
tem 140 calorias e 39 g de açúcar.
Embora as bebidas esportivas contenham carboidratos e
eletrólitos como sódio e potássio, que ajudam na hidratação, elas também reúnem
uma grande quantidade de açúcar. Uma garrafa de Gatorade, do menor tamanho
encontrado no mercado, contém 125 calorias e 35 g de açúcar. Elas não são tão
ruins quanto os refrigerantes, no entanto, a última coisa que as crianças
precisam é de mais açúcar.
Pesquisas sugerem uma forte ligação entre o consumo de
açúcar em excesso, ganho de peso e obesidade, e nos EUA, as bebidas são a maior
fonte de açúcar na dieta das pessoas. Entretanto, bebidas esportivas não
necessariamente levam ao ganho de peso, e podem ser apropriadas para alguns
alunos-atletas e pessoas ativas.
Para as crianças que participam de atividades físicas
intensas em um dia quente e úmido, a Academia Americana de Pediatria (AAP)
aprova pequenas quantidades de bebidas não-carbonatadas desportivas. Em clima
mais ameno, as crianças não precisam de bebidas esportivas, a menos que estejam
ativas há mais de três horas.
Adolescentes mais velhos e adultos podem consumir bebidas
esportivas depois de atividades físicas de intensidade moderada a alta, que
durem mais de uma hora. A desidratação é um perigo comum para atletas jovens, e
estudos sugerem que o sabor das bebidas esportivas pode incentivar as crianças
a permanecerem hidratadas.
No Canadá, pesquisadores descobriram que crianças que
pedalaram por 90 a 180 minutos beberam quase 50% mais água quando era com sabor
uva. Se lhes fosse oferecida uma bebida esportiva, eles bebiam 90% mais do que
se fosse oferecido apenas água.
O grande problema, porém, é que muitos adolescentes que
estão consumindo estas bebidas não estão se exercitando o suficiente para
precisar delas para se hidratar.
Os especialistas tem se preocupado muito com o refrigerante.
Sua venda é proibida nas escolas em alguns estados dos EUA, como Massachusetts,
Pensilvânia, Illinois e Califórnia. Agora, os cientistas estão voltando sua
atenção para as bebidas esportivas e outras bebidas açucaradas. A legislatura
da Califórnia, por exemplo, está considerando uma proibição de todas as bebidas
esportivas açucaradas nas escolas. [CNN] (hypeScience)