domingo, 10 de maio de 2009

Mais informações, Sobre protetor bucal.

Chamamos de protetor bucal a todo artefato de proteção que colocamos na boca.

O fato de serem colocados na boca faz ser natural que os leigos em boxe achem que sua finalidade é a protecao da boca (lábios, dentes e a mucosa). Em verdade, por muito tempo os boxeadores também tinham essa opinião. Foi só depois que alguns treinadores mais atentos observaram que um boxeador que perde com facilidade seu protetor também é um boxeador que é facilmente nocauteado é que essa opinião mudou.

Com efeito, querendo aprofundar essa observação, alguns médicos e dentistas -- como foi o caso de James B. Costen, cerca de 1960, e Hickey, em 1967 -- fizeram estudos de raios-X da cabeça de pugilistas veteranos e até experimentos com cadáveres que lhes levaram a entender as vantagens e desvantagens dos protetores convencionais. Esses estudos, bem como o surgimento de novos materiais, como plásticos e resinas com a capacidade de dissipar forças em vez de transmití-las, fizeram com que a estrutura e finalidade dos protetores bucais muito evoluísse.

Como resultado de todo esse trabalho, temos que atualmente as finalidades maiores dos modernos protetores bucais são ajudar a evitar lesões cerebrais, lesões das juntas do queixo, fraturas da mandíbula e a herniação da coluna cervical. Bem atrás em importância, vem a proteção dos dentes, gengivas e lábios.


O protetor bucal é uma necessidade imposta pelo boxe com luvas


A segunda coisa para a qual devemos chamar a atenção é o fato de que, na época do boxe sem luvas, não havia uma tão grande necessidade de protetor bucal como a que temos hoje. Naquela época, como as mãos não tinham a proteção das luvas, dava-se muito menos socos do que atualmente e procurava-se evitar bater na cabeça do adversário. Em particular, nunca visava-se o queixo pois com isso se correria grande risco de quebrar a mão.

O soco no queixo, que é uma das maiores características do boxe atual, surgiu só com as Regras de Queensberry, só com o boxe com luvas, há pouco mais de cem anos. Seu efeito mais visível é o nocaute (palavra que foi inventada exatamente em uma das primeiras lutas com luvas entre pesos pesados: John Sullivan x Ryan, em 1882), mas também pode provocar quebra de dentes e da mandíbula.

Além disso, na época do boxe sem luvas, uma luta era vista mais como uma disputa para ver quem era o mais forte, determinado, corajoso e resistente. A esquiva era vista como um recurso desprezível e efeminado. Assim que os pugilistas eram bastante discretos no uso de técnicas de defesa. Essas limitavam-se ao jogo de pernas, aos bloqueios e desvios de golpe com as mãos, enquanto que furtivamente passava-se poções (à base de sal, cicuta e vinagre) nas mãos e no rosto para engrossar a pele e torná-la mais resistente.

Os primeiros recursos inventados para atenuar os efeitos do soco no queixo foram exercícios de fortalecimento dos músculos do pescoço, o uso de uma guarda mais lateral, fazendo com que o ombro protegesse o queixo, bem como a prática de se lutar com a boca bem fechada e se respirando apenas pelo nariz.

Segundo o historiador do boxe B. R. Bearden, em 1902, o Dr. Jack Marles, um dentista de Londres, inventou o primeiro protetor bucal: era o gum shield, ou "escudo de gengivas". Ele já tinha várias características hoje consideradas fundamentais: era feito com um bom material, borracha, era feito sob medida e colocado na arcada dentária que mais se projetava. Segundo nos conta B. R. Bearden, o boxeador pioneiro na adoção do gum shield teria sido o campeão mundial dos meio-médios, Ted "Kid" Lewis (170-30-14), a partir de 1909. Muito lentamente, por razões de custo, a prática passou a ser adotada por outros profissionais.

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